Por que começar um blog pessoal?

criação de conteúdo

A parte mais interessante dessa pergunta, ao menos em um nível pessoal, é justamente a ausência de uma resposta clara.

Ao mesmo tempo, aqui estou eu, neste exato momento, dando início a um blog, sendo este o primeiro post.

Estou digitando estas palavras, mas qual o motivo?

Se for ser honesto comigo mesmo, eu simplesmente sinto falta de “criar sem compromisso”. De não precisar pensar em agradar o algoritmo de alguma plataforma, de não contabilizar o custo/benefício de um conteúdo antes de executar uma ideia, de não precisar ser fancy e “superproduzir” de alguma forma.

Textos são simples, eu gosto.

Mesmo que eu tenha razões particulares, criar um blog pessoal pode ser bom para você também, especialmente nesse momento onde a internet está lotada de informação, mas de pouca originalidade.

Isso pode parecer contra-intuitivo, afinal, se temos “informação demais”, por que vamos criar ainda mais?

Eu explico. O “segredo” reside na pessoalidade.

Estamos sempre em contato uns com os outros em redes sociais, mas quão verdadeiras são essas conexões?

Ampliando o conexto

Talvez você já saiba quem sou eu, mas se não for o caso: muito prazer, me chamo Dionatan Simioni, mas pode chamar só de “Dio”, ao menos é assim que fiquei conhecido em alguns cantos da internet.

Há muitos anos, despretensiosamente, eu criei um blog chamado “Diolinux”, que acabou se tornando a minha profissão, especialmente depois que ele foi expandido para o YouTube, com um canal de mesmo nome.

O blog, ou melhor, site Diolinux, não só ainda existe, como continua recebendo publicações regulares, graças a uma maravilhosa equipe que tive o privilégio de construir ao longo de praticamente 15 anos.

Com o tempo passei a participar menos ativamente do site como escritor, especialmente devido a outras tarefas dentro do que a empresa se tornou.

Mesmo assim, tenho o orgulho de dizer que escrevi mais de 2.500 artigos nele durante o meu tempo de redator regular.

Com essa cota de experiência, é de se imaginar que eu tenha uma coisa ou duas para falar sobre criação de conteúdo.

O que me leva a este blog, que resgata um pouco do sentimento que tive no início da jornada como criador de conteúdo para a internet, porém, com uma diferença importante: sem compromissos.

Meu objetivo com este blog

Um dos pontos mais frustrantes da jornada de criação de conteúdo reside em se sentir “obrigado” a fazer certos conteúdos e falar sobre certos assuntos, especialmente num cronograma de publicações estrito.

Essa é a minha vida atualmente. Criação de conteúdo para internet é um trabalho como qualquer outro. Um que é costumeiramente glamourizado, mas que, sem dúvida, carrega também o seu peso, especialmente na saúde mental.

Não que essa sensação de frustração aconteça comigo frequentemente, pelo contrário, eu tenho nesse trabalho uma das maiores alegrias e realizações profissionais que eu poderia ter, mas, nem sempre é o suficiente.

É importante olhar para si mesmo e ver o que há em você além da sua persona pública ou de trabalho. Há mais da vida do que metas, objetivos, marcos, sucessos e insucessos.

Se você não prestar atenção, é fácil se distrair num tsunami de informações e superficialidades.

Por um certo tempo eu tentei alimentar as minhas redes sociais com conteúdos que fossem do meu interesse pessoal, mesmo que fugissem um pouco da vertical de conteúdos pela qual eu me tornei, de alguma forma, conhecido por abordar.

Consegui criar reais conexões com algumas pessoas nesse contexto, porém, é muito difícil, para não dizer impossível, dissociar a minha imagem individual “do cara do Diolinux”.

Trato isso como uma honraria, afinal, o Diolinux tem sido o trabalho da minha vida até então e eu me orgulho muito dele, mas, inevitavelmente, esse legado acaba sempre direcionando uma boa parte das conversas pessoais iniciadas comigo para certos temas.

Esses temas são geralmente relacionados a tecnologia, especialmente envolvendo softwares open source e Linux, além da cultura nesse entorno.

Apesar de não ter a intenção limitar o espectro de discussões deste blog a ponto de não abordar assuntos envolvendo tecnologia de forma alguma, eu espero que ele possa ser um lugar um pouco diferente para mim.

Por se tratar de um projeto paralelo e totalmente pessoal, terei a chance (novamente) de começar a falar sobre assuntos que sejam interessantes para mim, não para algum algorítmo.

De cartas de Yu-Gi-Oh à psicologia e filosofia, quem sabe? Não eu. E essa é a parte legal. Eu não preciso saber. 🙂

Num ambiente onde os próprios criadores são influenciados a criar conteúdos de determinadas forma para agradar o algoritmo e conseguir crescer ou simplesmente se manter, pode ser difícil ser fiel à ideia de “só falar sobre coisas que te apaixonem” o tempo inteiro. Mais que isso, pode ser financeiramente inviável.

Quando mais pessoas e suas famílias dependem de um fluxo constante de faturamento, simplesmente “mudar as coisas” não se torna mais tão simples.

Esse tipo de “jogo” cobra o seu preço em suavez prestações de sanidade e descargas de estresse. Vídeos e conteúdos que performam bem e mal costumeiramente requerem o mesmo nível de empenho e dedicação para serem produzidos. É preciso ter uma mente sã para lidar com situações onde o empenho e o resultado podem parecem tão dissonantes.

Pergunte a qualquer criador de conteúdo. Uma das coisas mais enlouquecedoras do ramo é tentar entender o que você fez certo ou errado para algum conteúdo ter performado bem ou mal.

Criadores de conteúdo sempre estão lidando com a possibilidade do conteúdo não ser entregue porque o algoritmo de recomendações decidiu que não deveria.

Nesse âmbito, criar um blog pessoal onde qualquer um possa acessar e ler o que quiser, na hora que quiser, causa uma sensação diferente. É quase como encher o pulmão com ar puro das montanhas.

Um blog pessoal como esse é também uma lembrança para mim mesmo de que, se eu quiser, tenho mais para compartilhar com as outras pessoas do que o meu conteúdo técnico.

Sem esperar grandeza, sem esperar ganho financeiro, sem esperar grandes audiências, sem esperar por engajamento, sem esperar por sucesso.

É incrível como a ausência de expectativas torna as coisas brandas. Essa é a minha abordagem com este projeto, mas pode não ser a sua.

Eu sei muito bem como é gratificante transformar algo que você faria de graça em um trabalho e ganhar a vida através disso. Nada impede que esse seja o seu caminho.

Um blog é uma forma de expressão individual poderosa, mas…

Por que você deveria criar um blog pessoal exatamente?

Ótima questão. As respostas são múltiplas, podemos até fazer uma lista.

  • É uma forma de controlar o seu conteúdo sem depender de algoritmo;
  • É uma forma de mostrar a sua paixão sobre algum assunto;
  • É uma forma de mostrar conhecimento sobre algum tema, interessante para portfólios e trabalho;
  • É uma forma de fazer um dump da sua mente sobre algum assunto;
  • É uma forma de compartilhar um pouco de quem você é…

Você pode ficar à vontade para adicionar elementos na lista. Qualquer motivo que se alinhe com ao conceito de compartilhar ideias em um ambiente controlado por você se encaixaria aqui.

Diria até mesmo que a parte mais interessante de criar um blog é justamente não ser necessário ter um motivo específico. Você criar um blog pessoal simplesmente “porque pode”, isso já é motivo suficiente.

Particularmente, gosto da ideia de entrar em um blog com conteúdo criado por outra pessoa, estruturado de uma forma que seja adequada para leitura. É como um convite para passear por pensamentos alheios e criar situações de empatia.

Alguns dos textos mais interessantes que eu já li na internet estavam em blogs pessoais, simples, cujo único objetivo era compartilhar uma ideia.

Algoritmos de recomendações de redes sociais, excesso de publicidade e a extração e sumarização de informação que ferramentas de IA fazem nos textos atualmente, diminuíram um pouco o prazer da leitura online para mim, mas não eliminaram a minha paixão.

Buscar informação é diferente de querer ler sobre algo

Há momentos em que buscamos uma reposta rápida para um problema. Todos já passamos por isso e é ótimo que encontremos o mais rápido possível a informação que tanto precisamos, desde que, claro, seja uma resposta boa o suficiente, que consiga resolver o nosso problema.

Leitura é diferente. Claro, para se informar você precisa ler geralmente, mas leitura pode ir além de extrair e processar uma informação direta e simples.

Geralmente textos que tentam entregar uma experiência ao leitor não estão preocupados somente em passar uma mensagem ou um ensinamento, mas também estão preocupados com a forma com que essa mensagem será entregue.

Tome como exemplo o livro “O pequeno príncipe”. Ele foi publicado nos anos 1940 e ainda é relevante para a cultura mundial. Uma obra lida por milhões de pessoas ao longo do tempo.

Eu li este livro na época de escola, mas fiz uma nova leitura recentemente, nos primeiros meses deste ano. Quem sabe um dia eu escreva sobre este livro aqui, mas tudo o que você precisa saber no momento é que é uma experiência bem diferente ler “O pequeno príncipe” como um adulto.

Ler cada uma das página te carrega por história, exercita a sua paciência, não te entrega todas as informações logo de cara e te fazer refletir sobre as questões abordadas, sobre as analogias. Ler de forma proveitosa leva tempo e reflexão, além de ser otimimente acompanhado por um chá ou um café.

Pesquisar pelo “Pequeno príncipe” no Google me dá uma resposta muito mais “prática”:

O pequeno príncipe é um famoso livro da literatura infantil europeia. Narra acontecimentos vividos por um menino originário do asteroide B 612.

A informação contida na resposta da pesquisa no Google é o que você pode absorver quando tudo o que você busca é informação. Se tudo o que você quer é isso, ou saber alguns fatos da história, é o suficiente. Eu gosto de advogar aqui pela profundidade.

Como diz o próprio livro: “O essencial é invisível aos olhos“. Essa é uma das coisas que você pode levar com você se buscar a leitura, ao invés da informação pura e simples.

Claro que não existe uma forma certa de encarar as coisas, esse não é exatamente o meu ponto, porém, é importante conhecer e saber aproveitar as nuances. O espectro de um ou outro método é variado.

Eu aprecio a arte da escrita, logo, gosto de sites e blogs que criem um ambiente propício à leitura. Há sites que são o equivalente abrir um livro em uma balada, há outros sites que são como bibliotecas ou o sofá da sua sala.

Em qual você preferiria ler?

Quando comecei o blog Diolinux, em 2011, minha intenção era simplesmente anotar as ideias que eu tinha de uma forma que fossem acessíveis mais tarde, numa linguagem que eu pudesse compreender.

Eu nem cogitava que alguém iria acessar o site com regularidade em algum momento, ele era quase um diário. Nada comprometedor, felizmente.

As intenções foram mudando gradualmente e eu comecei a fazer anotações nesse blog sobre coisas novas que aprendia, explicando para mim mesmo novos conceitos e ideias relacionadas à tecnologia. Conforme eu aprendia algo novo, o blog recebia mais postagens.

Compartilhar um pouco de quem é você online é um exercício empático consigo mesmo, que muitas vezes é sobrepujado. Algo que eu não dava tanto valor na época, mas que hoje eu aprecio indubitavelmente.

Explorar a sua própria mente e colocar as coisas no papel (não literalmente, neste caso), é uma ótima forma de entender melhor as suas ideias sobre qualquer assunto.

Dizem que “os problemas são sempre maiores na nossa mente do que na realidade“. Acredito que isso faça sentido, não só para problemas, mas para ideias de uma forma geral.

Destrinchar uma ideia complexa através da escrita é uma ótima forma de ter maior clareza sobre um conceito abstrato, que antes estava só na sua cabeça.

Você não precisa de um blog para isso, claro, os bons e velhos papel e caneta vão fazer o mesmo trabalho, porém, o método análogico restringe os seus pensamentos nas dimensões da folha.

Nossa presença no mundo é curta, um piscar de olhos ou menos, se você usar uma perspectiva grande o suficiente. Esses pequenos bits e bytes que formam as letras, palavras e frases, são uma forma de preservar a sua memória para posteridade.

Quem era você nessa época? Como você pensava? Do que gostava? Quais eram seus sonhos? O que você achava que iria acontecer?

Com um blog pessoal, você poderia me contar isso. É uma verdadeira cápsula do tempo. Legal, né? 🙂

Um placeholder

Eu me diverti escrevendo esse texto, mas ele tem um duplo objetivo.

Tudo que eu expressei nele é verdade. Foi uma boa forma de começar este novo projeto, porém, eu tenho um outro objetivo puramente técnico com ele.

A “criação descompromissada” (será que acabei de encontrar o meu novo slogan?🤔) é algo que me empolga, sinceramente.

Ao invés de postar coisas pessoais no meu Instagram ou Twitter/X, postarei por aqui. Nem tudo que vale a pena ser dito precisa caber num número arbitrário de caracteres ou em uma quantidade de segundos específica e muito menos precisa ser filtrada por um algoritmo qualquer.

Um site que eu mesmo controle é certamente menos efêmero do que uma rede social tradicional.

Quem sabe o que vem por aí?

Tente voltar aqui depois de um tempo, sem compromisso (lembra?), e quem sabe eu tenha algo novo para contar.

Por hora, este post é um placeholder, um artigo para que eu possa continuar a desenvolver e ajustar o site. Eu precisava ter algo nele para conseguir visualizar melhor alguns dos problemas que ainda requerem ajustes do ponto de vista de desenvolvimento.

Sim, este é outro aspecto interessante. Voltar no tempo para quando eu construía as minhas própria páginas na internet diretamente é uma aventura legal. Nostálgica até mesmo.

Quem sabe é o começo de algo que, com sorte, pode ser tornar… pequeno.

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